terça-feira, 9 de setembro de 2008

Prato da semana























Uma coletânea de crônicas que têm
como personagens boa parte da arte e cultura cariocas. O roteiro que Jaguar propõe em suas narrativas começa na Gávea, passa pelo Leblon, por Ipanema, Copacabana, centro da cidade, chega a Vila Isabel e Maria da Graça, para depois esticar em Corrêas, Itaipava, Parati e até mesmo São Paulo, onde ele conseguiu encontrar na Freguesia do Ó um colecionador das melhores cervejas importadas e fez o cardápio do consulado carioca em São Paulo, o bar Pirajá. Esse é o trajeto percorrido em “Jaguar de Bar em Bar: confesso que bebi – Memórias de um amnésico alcoólico”, da editora Record.

Escrito e ilustrado por ninguém pelo bebedor profissional Jaguar, este livro não é um guia convencional de bares, mas foi produzido a partir de lembranças de fatos e de conversas jogadas fora em torno de rodelas de chope, copos e garrafas, que sempre balizaram a vida do chargista, desde anos tão verdes quanto licor de menta. E não deixa de ser um guia cultural de um Rio de Janeiro que insiste em manter a aura de boêmia, mesmo com todos os problemas socioeconômicos.

Como o bom bebedor não bebe só, o livro é também uma crônica que tem como personagens boa parte da arte e cultura cariocas. Pois Jaguar, envelhecido em barris de várias procedências, bebeu com gente como Madame Satã, Hugo Carvana, Tom Jobim, Paulo César Peréio, José Lewgoy, Paulo Casé, João Ubaldo, Nássara, João do Vale, Antonio Pedro, Carlinhos de Oliveira, Paulo Mendes Campos, Lúcio Rangel, Roniquito, Nelson Cavaquinho e Carlinhos Niemeyer. Todos eles concorrentes de peso.

Amnésico alcoólico de ótima memória e texto calibrado, Jaguar é a prova de que o fígado é antes de tudo um forte, felizmente o mais resistente de nossos órgãos. A saideira, e passa a régua.

Nenhum comentário: