segunda-feira, 31 de março de 2008

O trabalho embebeda, ops, embevece, o homem

Trabalhar acho até necessário em alguns momentos da vida do ser humano. Num é à toa que, depois que paguei a conta no Panamá, levo meu computador pra lá diariamente. Eles ainda não instalaram uma internet sem fio por lá, o que me impede de acessar a internet durante todo o dia (e noite). Tá complicado. Depois de alguns dias trabalhando por lá, resolvi acessar novamente a internet (calma, não vim de mãos vazias para casa, pelo menos umas 12 latinhas estão aqui, ao meu lado, dentro da geladeira. Mesmo que não beba, elas me passam a segurança de que estão ali, a minha espera).

Propus ao Manoel (pra quem não sabe, o português dono do Panamá) que ele instale um velox ou virtua por lá, e eu cancelo minha conta de casa. Eu pago a internet dele, levo meu computador pra lá, e ele abate da conta o valor mensalmente. Não topou. “Vai ser mais uma conta preu pagar e você aumentar sua dívida!”. Difícil quando as pessoas perdem a confiança na gente.

Falando em confiança, lá em frente, na Domingos Ferreira, enquanto eu bebia (pra quem não conhece, o Panamá fica praticamente na rua) veio uma garota, roupa larga, calça comprida, cabelo grande, mas amarrado, óculos fundo de garrafa (e olha que eu já estava ‘animadinho’) distribuindo alguma coisa. Eu na porta, olhar de curioso, veio ela. Num falou nada, mas entregou a “Folha Universal”, jornal do Edir Macedo. Fiquei impressionado. Mais de vinte páginas, todas coloridas, distribuição nacional, graficamente melhor que muito jornal que vemos por aí, falando de muita coisa extra igreja (tática deles, lógico). Mas os caras estão realmente com poder de fogo.

Mas não vamos desviar do assunto. Tá parecendo conversa de bêbado. Falei do jornal porque a capa era traição, em letras garrafais. Abaixo, uma frase: “Em época que lembramos Judas, o maior traidor da história, você já traiu ou foi traído? Saiba como agir nessas situações”. E momentos depois de escutar do portuga que ele não confiava em mim, abro o jornal e dou de cara com essa notícia. Coisas do destino. E lá estavam vários depoimentos falando de quem traiu e de quem já foi traído, da dificuldade de adquirir novamente a confiança de alguém quando já a perdeu alguma vez, e coisas desse gênero.

E vou lá, mais uma vez, tentar aproveitar da ingenuidade do Manoel. “Olha aqui, temos que ser isso e aquilo, perdoar para ser perdoado, coisa e tali, tali e coisa”. Olhou pra mim: “Então coloca essa internet, mas no seu CPF!”. “Mas Sêu Manoel, eu num tenho documento aqui, e nem o comprovante de residência daqui. Eles vão precisar do CPF de quem está nesse endereço”. “Ai, então toma aqui o número, mas liga da sua casa”. Liguei, instalaram e aqui estou eu, no meu novo escritório.

Mais uma Macarrão!

sexta-feira, 21 de março de 2008

clientes crentes...

Bufante já não agüentava mais as igrejas neopentecostais. Nem as outras, é verdade. Mas as neopetencostais, segundo ele, eram as piores.

Ateu convicto, nem falava muito sobre o assunto. Não gostava de discussão. E não gostava nem um pouco de pessoas que insistiam que ele deveria acreditar num deus. Não acreditava. Uns, e ele dizia que eram sempre neopentecostais, eram os mais insistentes. E os que mais o irritavam, logicamente.

Sua ira perpassava à insistência para que acreditasse em alguém. Há alguns anos ele vinha percebendo que muitos dos seus locais de lazer estava virando igrejas. O bar do Zequinha, em Icaraí, Niterói, perto de sua casa, virou lá uma “sede provisória do reino de Deus”. Ele dizia que quando morresse iam pra matriz.

Mas não era o único bar. Um outro, em Japeri, além de deixar de funcionar aos domingos usava as cadeiras (todas com marcas de cerveja) como assento para os fiéis. E não vendiam cerveja no horário dos cultos, todas as terças, quartas, sextas e domingos. Quase não sobrava dia pra ir ao bar. Coisa de crente.

Depois de mais de oito lugares antes freqüentados por Bufante virarem igrejas, ele já estava mais do que irritado. Sorte que nenhum neopentecoste apareceu por essas datas tentando convertê-lo.
Morador de Niterói, outro motivo que colaborava para sua impaciência com os crentes eram quando esses cantavam na Barca no caminho de casa e não o deixavam dormir. Coisa que tinha se tornado constante nos últimos tempos. Já era demais pra ele aguentar esse povo gritando na sua cabeça e pra piorar, ao chegar em Niterói, escuta de uma loja logo ao sair da Barca: "Amigos crentes, promoção de 10%".

Não se aguentou. Pediu para falar com a gerência. Gerente chega e ele já irritado começa a dizer que vivemos em um país laico, que ele como ateu deveria ter os mesmos direitos, e mesmo se fosse católico, judeu, muçulmano, umbandista, o caralho a quatro, que deveriam todos ter os mesmos direitos, que isso era um absurdo! Gerente apenas responde. - ah amigo, é que nosso locutor é que fala um pouquinho errado, ele tá 'falano' é dos amigos 'criente', que compra aqui co´nois...

segunda-feira, 17 de março de 2008

bebida alumia as idéias

Cinco amigos. Um deles diz ter uma grande idéia. Conta. Os outros três riem e continuam bebendo. Não tocam no assunto durante umas quinze cervejas e meia garrafa de Barril 39.

Do nada, Manguaça (que já tinha virado super-homem) lança a pergunta. – E a idéia lá, de ir no Fiorentina?

– Ué, pensei que não tinham me levado a sério pô, ninguém falou nada.

– Bom, agora já dá pra pensar. Antes nem rolava..

– Então vamos lá! Quem vai ser o cego? Todos apontaram para o Bebudo, o mais cachaceiro de todos e o mais perto de um ator.

Entraram no Fiorentina, lugar bem diferente dos butecos freqüentados pelo grupo. Não porque era longe ou outra coisa, mas porque era mesmo muito caro, fora da realidade dos quatro. Um, meio jornalista, vivendo de free lancer. Outro, o Bebudo, engenheiro, mas largou a profissão pra se dedicar a um monte de coisas. Nenhuma delas dava dinheiro. Completavam o grupo um sambista e psicólogo, um advogado desempregado e o Manguaça, que dispensa apresentações.
Sentam, pegam o cardápio. Nem pensam em chopp, escolhem logo uísque. O mais caro. Bebem, comem até caviar. Na verdade olharam o menu só pra saber o que era mais caro. O sambista, o advogado e Manguaça vão ao banheiro. O jornalista, que embora fosse quem tinha dado a idéia, era o mais medroso, foi para fora do bar (segundo ele, deu a idéia, tem seus privilégios). O sambista, o advogado e Manguaça vão ao banheiro.

Nisso, Bebudo, que já entrou de óculos escuro (agora já era noite) e bengala, começa a gritar. – Onde estão meus amigos, eles me deixaram sozinho!!! E dá-lhe bengalada para todos os lados, quebrando boa parte do que estava ao seu redor. Muito de propósito e outra boa parte porque já estava bastante bêbado.

Chega garçom, chega gerente, tentando acalmar o cego. Corre-corre dentro do restaurante. Mas ele nada de parar com a gritaria. Saem do banheiro os três que o acompanhavam e o gerente pede, quase suplicando, pra levarem ele embora.

Encontram com o jornalista do lado de fora, meio aflito até a chegada dos quatro. Ao ver os quatro, cai na gargalhada. De nervoso, apesar de bêbado.

Terminam a noite fazendo contas. De quanto deixaram de pagar.

domingo, 16 de março de 2008

santo remédio

E num é que acordei aqui muito melhor do que deitei. A melosa é mesmo um santo remédio. Por isso que é mesmo importante termos um estoque em casa, principalmente nesse caso: dia chuvoso e você na beira de uma gripe. Além de ter onde recorrer, o negócio vira remédio.

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A desvantagem é que não tem muita história pra contar. Num tem nenhum garçom perturbando, nenhum freguês falando alto, a conta já está paga... pensando bem, esse negócio de ficar em casa tem lá suas vantagens.

Seu Manoel, do Panamá, que o diga.
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Coisa típica que tem acontecido com os leitores não necessariamente sóbrios que acompanham essa página virtual (ou pelo menos depois de umas e outras, se arriscam por aqui): comentários bêbados, lá pelas tantas da madrugada. Primeiro foi o bodão, que muitos desses comentários são ininteligíveis (pelo menos pra mim). Agora um companheiro anônimo de Valença. Pelo menos deu pra entender o que escreveu.

Que fique claro, são extremamente bem-vindos, especialmente nesse estado.

Mas ficaria mais feliz se estivessem comentado comigo no buteco. Ou seja, tivessem me chamado pra mesa e discutido. Mas oportunidades não faltarão.
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Título da mensagem anterior, “se lá fora chove, aqui dentro só pinga”, merece uma referência a um companheiro anônimo de Valença (o mesmo reclamão que comentou recentemente), que fala essa frase quase sempre, num pode fechar o tempo

sábado, 15 de março de 2008

se lá fora chove, aqui dentro só pinga

Dia de chuva é isso. Parece que uma gripe vem chegando, e antes dela, uma pinga com mel, pra atrapalhar o vírus. Na verdade, pra dar uma zonzeada nele com a branquinha e tentar dar um golpe depois com o mel. Receita boa, que tem dado certo ao longo dos anos.

Como a chuva não para, se me molhar a gripe fatalmente ganha. Negócio é apelar para o estoque caseiro. Tô aqui escolhendo uma pinga boa. No caminho redescubro uns licores, de vários sabores (um total de 22 sabores, uma maravilha). Hoje reexperimento todos, e acho que o vírus da gripe, no mínimo, vai ficar bem feliz comigo. Das duas uma, se ele não cair, eu caio.

do que a sede é capaz

Num tava me agüentando. Precisava ir no Panamá e num arrumava jeito. Devendo o que estou devendo, o portuga ia me esculachar na frente de todo mundo. Plena sexta-feira, cheio, num queria passar vergonha...

Aí tava matutanto. Liguei e o portuga atendeu. Tava doido pro Macarrão atender e dizer que o portuga num tava. Mas não foi dessa vez. E precisava de uma cerveja. Tinha que achar uma solução.

Lá vou eu. Arriscar faz parte do jogo. Cheguei com uma câmera fotográfica. E tirando umas fotos. Seu Manoel logo que me viu olhou, viu uns flashes e veio perguntando já com um rodo na mão. Mas não fugi. Encarei o velho.

- Seu Manel, é o seguinte. Sei que estou devendo, mas depois dessas fotos saírem no jornal, seu bar vai ser o mais famoso de Copacabana.

- Num quero mais movimento. Já basta uns vagabundos igual a você!

- Calma aí! O senhor não está entendendo. Tenho amigos influentes na imprensa carioca e estão procurando fazendo matérias sobre bares do Rio. E o Panamá é uma pérola nesse Rio de Janeiro
.

- Deu uma acalmada, mas não queria, de jeito nenhum, liberar uma cerveja.

- Seu Manel meu querido, libera pelo menos uma. Essas fotos, além de fazer seu buteco ser top no Rio, vão ser vendidas para o jornal e vou poder pagar o que devo aqui com juros.

Português é mesmo uma beleza. Acho que é por isso que não deixo de frequentar o Panamá. Bebi uma, duas, três, Macarrão servindo e seu Manoel esqueceu de mim. Saí de lá tonto.
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A idéia das fotos era para além de conseguir filar mais uma cerveja. Algumas pessoas duvidavam das preciosidades do lugar. A gelatina, segundo o Macarrão, deixaram de vender que num estava tendo saída. Mas ainda estão lá as azeitonas por unidade, pepino a R$1,20 e assim vai. Fora caneta, cola, charuto...

quinta-feira, 13 de março de 2008

vai vendo...

Ver jogo no buteco é normal, mas não deixa de ser engraçado. Ontem foi dia de Fluminense e Resende. Fluminense, amplo favorito, começa ganhando. Claro, no bar, nenhum resendense (estamos no Rio). Alguns gritos de vai ser mais uma goleada (Fluminense ganhou um jogo de 6 x 1 e depois disso os torcedores se animaram.

Passa um tempo, empate do Resende. Alguns riem (não tricolores), mas ficam até meio inibidos. Éramos minoria. Mas num deu. Um tempo depois, 2 a 1 pro Resende. No final das contas empataram. Mas não passaram de um 2 a 2 no Maracanã. “Juiz ladrão”, “foi pênalti”, não estava impedido”, foram algumas desculpas pós-jogo.

Essas desculpas não são apenas dos tricolores. São gerais. Qualquer torcedor é assim, sem noção.
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Não acompanho futebol, a não ser quando passa na TV do buteco que estou. Mas não serve muito. Nunca sei quantos pontos tem, de que grupo é, etc. Mas fiquei sabendo de uma coisa, e injustiças me incomodam. Os times grandes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense) não saem do Rio pra jogar. Todos os jogos deles são no Maracanã. O americano que saia de Campos e venha para o Rio. O Resende, um pouco mais perto, também teve que viajar. Os times grandes, que já são os favoritos, ainda jogam em casa.
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Ultimamente tinha uma promoção aí que você pagava um chopp e ganhava outro. Mas só às terças. Alguns (muitos bares) pararam com isso. Mas outros voltaram em 2008. Ontem tive uma grata surpresa. Ia ia Garcia, no Flamengo (Machado de Assis) oferece a dose dupla de segunda a quinta. Uma beleza.
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Uma beleza em termos, porque mesmo com a dose dupla, a cerveja em garrafa sai mais em conta, ali do lado, no Salsarete
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Falando em cerveja em garrafa, Copacabana inaugurou ontem mais um buteco (desses estilo chique), no que já chamaram (não sei se ainda chamam) de Baixo Copa (imitando o Baixo Gávea). O nome do bar é Cerveja de Garrafa. Não entrei que não fui convidado pra festa de inauguração. Mas se o preço for justo, vai agradar.
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Ontem me assustei. Companheiro de copo, velhos de guerra, não estavam bebendo. Cansados e de dieta (isso nunca é desculpa). Eu, que já tinha saído de um rodízio, nem tentei a desculpa da dieta. Pelo menos hoje. Bebi.
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Bodão (Omdusman do Capeta
) dá a bronca, a seu estilo, de que Purrinha que se preze é com moeda. Nada de palito. Difícil é encontrar as moedas nos bolsos. Vão todas pra inteirar a dose.

Detalhe que invejo: o grau etílico de bodvéio nos comentários.
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Se escrevesse um dia antes sobre a Purrinha, tava podendo tirar onde que tava pautando aulas de geografia. Faber (Rascunho
) abordou o assunto em sua aula no mesmo dia. Por pouco.
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Clementina, segundo Suzana, tá com ciúmes. Também acho. Mas não precisa. Ela sabe. Ela e mais gente (né, Lelê!? - Le-Gusta)
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Tô correndo já de novo. Tinha parado por causa de uma bendita torção no tornozelo. Fisioterapeuta liberou. Mas não deixo de apoiar o movimento de luta pela apropriação das ciclovias. Inclusive penso em comprar uma bicicleta que seja mais confortável (mais especificamente o banco).

E corro bem na beirinha da ciclovia, atento pra não encontrar Suzana. Qualquer coisa pulo.

terça-feira, 11 de março de 2008

sobre cuecas, sinuca e purrinhas

Hoje lembrei do Gabriel. Pra quem não sabe, um sujeitinho (porque pequeno) problemático (saiba mais aqui). Estava na C&A, loja de departamento, à procura de cueca – minhas três estão ficando velhas. Isso já nove da noite, propositalmente, pra não enfrentar fila.

Mas foi justamente na fila que encontrei a Magali. Mas vamos por ordem. Antes da Magali, tinha a avó da criança, que estava na fila, sem o tal cartão C&A (até me preocupei, que não tenho esse cartão – será que tem que ter um cartão da loja pra comprar aqui, acabou-se a troca de mercadoria por dinheiro?). Fuçou os bolsos e encontrou alguns dinheiros. Alívio pra mim, que vi que tinha como pagar minha cueca (no singular mesmo, é a crise).

Mas nesse vem e vai de mão no bolso, tá lá a Magali, fora da fila gritando que quer uma camisola. Vovó fica escutando, sem falar nada. Sai da fila (depois de uns sete minutos) e vai ver a bendita camisola. Aí a gritaria é que não queria mais camisola, mas calcinhas com uns desenhos. E gritava com força a Magali.

Jé uns cinco minutos depois, a avó começou a falar, pára Magali. E a Magali já não queria escolher mais nada. A avó insistindo que ela tinha que escolher que amanhã ela não poderia levar a netinha querida pra escolher. Nada.

– Então vamos embora Magali.

– Nãããão. E começou a derrubar as roupas cintos, calcinhas, etc., dos cabides. A avó atrás, catando um em cada quinze objetos deixados no chão pela Magali.

Falei nada. Pra variar.
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Num blog amigo (vejam ao lado o Ombudsman), a coleguinha (ela é jornalista, e como toda jornalista que se preza, adora chamar os parceiros de trabalho de coleguinhas. Eu apenas colaboro) Clementina tá falando da prática de esportes, entre eles o da capoeira (embora ela nem jogue) e sinuca (esse já faz parte do cotidiano da garota). Mas falo isso porque me senti um pouco incomodado. Com duas coisas.

A primeira já manifestei, em forma de comentário no blog citado. Ela, equivocadamente, fala que capoeira e sinuca não são coisas sérias. Tomou uma chamada da Suzana. E eu, como já disse, quero escrever igual à Suzana, arrumei um motivo pra dar uma chamada também. Sinuca é sério sim. Mas não é essa a discussão principal por aqui.

A segunda, e mais séria restrição é que Clementina se julga sabedora de todos os esportes (não em prática, mas em conhecimento de práticas, tradições e regras). E lança que a sinuca é o ÚNICO esporte para o qual a preparação requer o consumo de cerveja. Acrescenta mais umas superioridades da sinuca: não precisa acordar cedo, exige pouco esforço físico, pode fuma, se o ar condicionado do bar estiver desligado e, se cansar, pode sentar e dar uma talagada.

Rá, Clê precisa urgentemente conhecer o esporte mais praticado nos butecos, ninguém menos do que a Purrinha (com letra maiúscula pra valorizar). Mais do que exigir, é obrigatório o consumo de cerveja (e outras bebidas alcoólicas). Acordar cedo? Nem pensar, a purrinha só começa depois das quatro da tarde (pros mais inexperientes irem pegando a prática quando chegamos nós, os mais experientes, por volta das sete da noite). Fumar não há restrição (embora eu não aprove, pessoalmente), mas nem tem problemas com ar-condicionado, que buteco que tem ar, num é buteco. E longe de ter que cansar pra sentar e tomar um gole. A regra é clara, ficamos sentados, bebendo, beliscando um petisco, e jogando purrinha. Minha querida, se estás tão satisfeita com a sinuca, o dia que entrar no mundo da purrinha sentir-se-á no paraíso.

Outro detalhe: não precisa de mesa e nem de taco, só de cadeiras e palitinhos de dente.

radicalismo

Como não sou (ainda) tão radical como Suzana, hoje fui sem rodas pra ciclovia (coisa de imparcialidade, apesar de plena noção dessa baboseira). Fui na fisiatra (sabiam dessa especialidade?) e ela indicou caminhadas com piques de corrida. Lá fui eu, caminhando na calçada e dando os piques na ciclovia.

Descobri que até pra caminhar os caminhantes atrapalham. Apenas uma minoria caminha de verdade. O resto passeia. E geralmente em grupos, conversando, um do lado do outro e ocupando todo o calçadão. Descobri também que esses grupos maiores só não andam na ciclovia porque não cabem. Mas fazem questão de atrapalhar.

Andei, corri, e não atrapalhei (pelo menos eu acho) nenhum ciclista (embora tive vontade de dar uns empurrõezinhos numas bicicletas que andavam mais devagar do que eu). Serviu mesmo pra ver que a guerra vai ser complicada (ah eu já entrando na onda da amiga), mas com a boa notícia de que podemos trazer para nosso lado da trincheira alguns caminhantes que devem estar insatisfeitos com esse povo que só faz atrapalhar. Tanto nas pedras portuguesas como no asfalto.
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Na volta passei pra tomar meu suco pós-exercícios (tem que hidratar) no Bolonha (bom e barato) e paro em frente à banca. “De médico a monstro” com a foto do irmão do Tony Ramos no Big Brother. Uns tempos atrás, ouvi que ele venceria. Hoje já tenho certeza de que vai rodar nesse paredão. Ainda mais depois que vi a propaganda (isso na hora do almoço) e ele suplicando pra ficar mais uma semana: “pessoal me deixem aqui pelo menos mais uma semana, eu imploro!”, quase chorando. Ah, pediu pra perder o malandro. Pode ser que eu erre, mas também não ganho (ou perco) nada com isso.

segunda-feira, 10 de março de 2008

nerd? coca-cola?

– Vamos tomar uma cerveja hoje?
– Ah, hoje num rola, é segunda-feira. Onde?
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Porteiro pra mim hoje: “olha só, tem um rapaz aqui, do 1206, que chegou de São Paulo, que é a sua cara. Você vai ver. Até a barba é igual”. Quero ver não, de feio já basta eu...

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Saio de uma reunião (de trabalho) às dez e meia da noite (dá até vergonha de assumir que estava trabalhando essa hora). Quinze passos da porta que saí, no Flamengo, escuto meu nome.

Mais um valenciano que está no Rio, trabalhando. Tempos que não encontrava com o cara, na verdade nem sei como ele ainda lembra de mim. Camarada estudou com meu irmão (mais velho) no primeiro grau (que hoje acho que é chamado de ensino fundamental - o período dos estudos e não meu irmão). Coisa de mais de 15 anos.

Mas é gente boa. E ainda perguntou: e o jornal? Por acaso tinha acabado de pegar a última edição de um amigo que trouxe de Valença e deixei um exemplar com ele.

O ruim desses encontros fortuitos é que você não tem tempo pra pensar. Agora, pra encontrar esse camarada de novo, só com sorte mesmo. ]

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Faber, companheiro que encontrou o blog aqui, falou que seria interessante pesquisar o fenômeno da emigração em massa de Valença. Disse que vai se inteirar sobre o assunto. Coisa de quem gosta de estudar mesmo. Eu correndo prum lado e tem gente que corre na direção contrária. Queria ser assim.

Uma dica pro amigo é que estudo e trabalho são os principais motivos. Faculdade tem por lá, a preço mais módico do que aqui (mas não todos os cursos). Trabalho é ainda mais complicado. A faculdade e a prefeitura empregam mais de 50% da cidade. Por baixo.
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Hoje, na pedalada quase diária que tenho mantido com afinco, encontrei com alguns personagens citados pela blogueira Suzana
. Primeiro foram duas garotinhas bonitinhas de seus 13 aninhos passeando pela ciclovia, falando de namoradinhos e namoradinhos. Uma do lado da outra, e nessas horas, pra irritar ainda mais, sempre vem uma bicicleta na mão contrária.

Passo a dupla dinâmica e encontrocom a mãe da Suzana. Ou alguém com seu perfil, uma típica pedestre abusada (em excesso) que caminha na ciclovia por preferir. Vai parar no hospital atropelada por uma bicicleta,a culpa é do ciclista.

Menos de um quilômetro, vem a criança zanzando de um lado a outra da ciclovia, pedindo preu passar por cima. Me segurei, freei que sou uma pessoa legal.

Não vou contar (até porque perdi a conta) o número de transeuntes que atravessam a ciclovia o tempo todo, na hora que você está passando. Uns aindagritam. – Opa!, como se estivessem certos.

Pessoal que menos me irrita, mas nem por isso têm menos (na verdade estão longe da extinção) são os vendedores de gelo, côco, com aqueles veículos que ocupam o espaço de três bicicletas simples. Bem ou mal estão lá trabalhando. Prioridade deles, pela lógica que inventei agora. Segunda preferência pra nós, que estamos usando a ciclovia pra andar de bicicleta. E daí em diante, todo mundo que se...

Mas minha vontade mesmo - além de escrever igual à Suzana – é pensar (e agir) igual a ela. “aaaah, tempos de guerra são tempos de guerra e meus freios não funcionarão”, diz a amiga. Só me resta coragem.
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Uma detalhe que não entendi da postagem da amiga: “Até que a idéia do Dani de fazermos um "encontro nerd" não é má. Ora, nada mais natural do que nerds se assumirem nerds e se encontrarem numa lan house e regarem a reunião com muita coca-cola”. Nerd até vá lá, mas ser chamado pra tomar coca-cola? Eu hein?!

domingo, 9 de março de 2008

domingo latino

Fui visitar o velho de guerra, mas de cara nova, Miraflores, em Copacabana. Ficou mais clean, diria uma amiga e socialaite. Apesar da reforma, de parecer mais limpo (ou clean, se preferirem), a cerveja continua gelada.

Depois passei no Panamá (isso por volta de meio dia, horário que o portuga dono está fora), encontrei com o Macarrão que liberou, além de uma cerveja (essa eu paguei na hora, que na conta num posso acrescentar mais nada) uma porção de azeitonas. Foi meu almoço. Ainda ganhei uma gelatina (azul, nunca tinha visto) e um abacate, alimentos que estava pra jogar fora, devido ao tempo à mostra por lá. É o único bar que conheço que tem gelatina, vende azeitonas por unidade (R$ 0,15), tem abacate (vende-se a metade, já fica aberto no “mostruário”). É por essas e outras que não largo o Panamá.

dia-a-dia

Hoje em dia nem em bar se tem sossego mais. Estava lá, sentado, sozinho (de propósito) e antes da segunda golada na cerveja um vizinho de mesa puxa papo. A explicação dele foi, abre aspas, vi você sozinho e pensei, vou perturbar esse cara. Tá sozinho deve querer conversar, fecha aspas. O grupo já estava bem, eram dois caras mais um casal. Provavelmente sem papo, mas estavam bem. Num precisam de mais uma pessoa pra ficar interessante a noite deles. Ainda mais eu.

Conversa vem, conversa vai, falei que conhecia Valença. Meu sotaque sempre entrega minhas origens. E não pra minha surpresa, que isso já é normal, eles conheciam pessoas de Valença. E, saiu da boca deles, “todo lugar que a gente vai tem alguém de Valença”. Aí ontem (a ida ao bar foi antes de ontem) estava tomando uma cerveja com umas pessoas, acreditem, de Valença. E o primeiro ponto de pauta da conversa foi que valenciano tem em todo lugar, onde quer que você esteja. E nunca tem sempre uma pessoa de Valença. Tem a que está no lugar e a que vê. Somou, pelo menos duas. Aí começaram as histórias:

História um: Fui pra Amazônia e lá não encontrei com o Quiroga, que descobri estava morando nos Estados Unidos, jogando vôlei e de férias na Amazônia?

História dois: Eu fui mais perto, estava em Castelhanos, uma praia escondida no Espírito Santo, e encontrei com uma galera, que tinha alugado uma casa lá. Mais de 15 valencianos juntos, fora eu.

História três: Pô, e aqui no Rio? Toda esquina tem um valenciano. Eu encontro todo dia com pelo menos uns três. Isso no flamengo e Catete ali. Quando vou em Copacabana, pode adicionar mais uns dois encontros.

Aí cada um inventava um lugar e falava que encontrava alguém. Num vou ficar aqui escrevendo histórias que mudam apenas o nome do local. Três já foram demais. Muito provavelmente começaram a mentir, pra ver quem tinha mais história. Todos já concordavam que valenciano era igual praga, quando você menos espera aparece, etc., mas não cansavam de inventar histórias. Eu cansei.

Cansei mas ainda escutei muita história. Quem mais falava era o dono da casa. E da cerveja. Eu lá, cansado, doido pra cerveja acabar pra ir embora. Acabou. Aparece outra geladeira na casa cheia. Cheguei lá por volta das três da tarde e só pude sair umas duas da manhã. Cansado mas satisfeito. A cerveja acabou.

sexta-feira, 7 de março de 2008

o dia que a barriga virar moda

O dia que a barriga virar moda
Realmente vai ser fogo pra poder me aturar
Ninguém vai resistir aos meus encantos
E a TV do Sílvio Santos vai querer me contratar

Na Globo o galã vai ser o Jô
Na Tupi, veja o senhor, vai ser o Sérgio Cabral
Na lista entre os dez mais elegantes
As presenças mais constantes do Tim Maia e o Imperial

A Wilza vai fazer a Gabriela
No papel lá da novela
E vai ser sensacional
Vinícius vai ganhar um novo ofício
Vai ser manequim famoso
Da costura nacional

Os bares vão vender muita cerveja
E o padeiro, ora veja, vai vender muito mais pão
As moças pílulas não vão tomar
E o Brasil vai aumentar a sua população
Por isso, realmente vai ser fogo
Se a barriga virar moda
Vai dar grande confusão

João Nogueira

quinta-feira, 6 de março de 2008

super-homem

Casa da manteiga. Buteco tradicional de Valença. No bar os de sempre. Entre eles Manguaça e alguns amigos. Bebiam desde cedo, num churrasco na casa do Graveto. Desde umas duas da tarde. Já era mais ou menos cinco da manhã, então dá pra imaginar o estado desse pessoal.

Manguaça levanta e sai andando. Coisa de bêbado. Os amigos, claro, nem ligam. Deve ir no banheiro, ou embora, sei lá. Nessas horas – ou melhor, nesse estado – ninguém se preocupa muito (ou nada) com isso. Levantou. Sumiu.

Na verdade nem deram falta dele. Só lembraram dele quando o viram novamente. Já umas sete da manhã. Um bocado de gente vendo ele chegar e rindo. Tinha mesmo ido ao banheiro. Mas não do buteco. Vamos abrir um parêntese aqui pra explicar sua saga.

(saiu da Casa da Manteiga, no centro de Valença, uns três quilômetros da sua casa. Foi até em casa. Antes de entrar, baixou a calça pra dar uma mijadinha no jardim. Sono leve, sua mãe levanta. – Manguaça, porque você tá fazendo xixi aí? Vai no banheiro! – Tá ocupadoo, tá ocupaado, é o que ela acha que entendeu. Ficou olhando a cena. Calça e cueca arriadas. Veste novamente a roupa e ao invés de ir deitar, ou passar mal, ou sei lá o quê, abre o portão da rua e some. – Volta aqui! Ele não escutou. Ou fez que não escutou)

Todo mundo rindo, vem Graveto, Verme, Hernani e Pantaleão na porta, um escorando no outro pra verem qual era a graça. Pra surpresa, era o Manguaça. A graça? Uma cueca vermelha por cima da calça jeans. Deixaram o apelido conquistado com muita cachaça de lado. Virou super-homem.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Passeio...

Coisa de 10 minutos. Entre Santa Clara e Siqueira Campos, ruas de Copacabana. Sem a menor intenção de juntar papeis, recebi mais de 10 “propagandas”. Ao lado as que peguei, inclusive repetidas, num trajeto de uns 200 metros. Fora os que passei meio de longe, pra evitar ter que pegar os papeizinhos (ou falar, “não, obrigado”, e ser olhado com cara feia).

Os anúncios vão de internet a compra e venda de ouro e prata (a maioria, sem dúvida – fico me perguntando como isso deve dar dinheiro, porque a concorrência é grande), de empréstimo de dinheiro (outra coisa muito lucrativa. Esse tal de Juros deve ser milionário) a empréstimo de garotas (que não ficam nada longe, em quantidade de papéis pela rua, dos compradores de jóias). Mas isso em apenas um pequeno trajeto, em menos de 10 minutos. Tenho um amigo que fica o dia inteiro andando pela rua, e no final do dia leva tudo que recebeu pra reciclar. Deve tá ganhando dinheiro com isso.

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Televisão é uma merda. Principalmente a TV aberta. Pior ainda é quando quem mora contigo (num apertamento) cisma de ligar a tv toda noite e colocar no programa da Luciana Gimenez. Tortura. Pior que Big Brother.

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Onde o bar aqui esteve fechado. Também fica aberto todo dia, e em terça, dia de dose dupla, fica difícil a concorrência. O blog perdeu e deu Lord Jim (durante jogo do Arsenal e Milan) e Saturnino com dose dupla. Tudo barzinho metido a chique, longe de um bom e velho copo sujo.

Pra compensar, hoje estive no Salsarete, no Flamengo. Cerveja gelada – de garrafa, nada de chopp –, frango à passarinho e uma conta menos salgada, apesar do consumo maior. Fora os amigos. Tudo muito bom - até o Fluminense deu de goleada no Arsenal (não o da Inglaterra,q eu esse venceu ontem o Milan) -, não fosse derramar um copo (cheio!!) de cerveja em mim mesmo (e o primeiro copo, nem tive a desculpa de falar que era porque estava bêbado). Mas valeu.

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Quem está perdendo também é a bicicleta. Uma pena. Mas a luta continua...

segunda-feira, 3 de março de 2008

nova vida

Rapaz, comecei a tentar levar uma vida menos saudável e estou, há dois dias (quase um atleta) andando de bicicleta. Coisa de vinte minutos, meia hora. Descobri que é melhor do que correr (o que já fiz, há uns anos atrás). Faço o mesmo percurso de quando corria, só que agora na metade do tempo. Uma beleza.

Mas tô falando isso porque, embora satisfeito com meu desempenho ciclístico – apesar de um banco nada confortável – tem gente que fica na ciclovia passeando. Primeiro que tem lá, regrinhas da ciclovia (que o nome já diz, é pra ciclistas...): caminhar somente no calçadão. Mas as pessoas insistem em andar na ciclovia, atrapalhando o tráfego. Pior quando vão três, um do lado do outro, passeando, e você de bicicleta (sem buzina, mas já to pensando em arrumar uma bem estridente) tem que ficar assoviando, gritando e ainda reclamam. Babacas.

Isso que me impressionou. Os caras estão errados e reclamam. Não é nem comigo, que sou meio tímido, acabo freando e ultrapassando pelo calçadão. Mas tem gente que grita e leva bronca. Só hoje, em vinte minutos de pedaladas, passei raspando numas seis pessoas. To querendo me desestressar (existe isso?) e me vem esses chatos e ficam atrapalhando meu processo de melhora de saúde?

Mas pra piorar, vem os ciclistas (se é que podem ser chamados assim) que pedalam mais devagar que uma pessoa andando. E eles fazem questão de vir um ao lado do outro, fechando toda a ciclovia, porque têm que conversar durante todo o passeio. Vai ficar pedalando, sem escutar direito o que o outro fala, fica aquele papo com “quê” pra cá, “quê” pra lá, maior chatice. Ah, quer conversar vai prum buteco!
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Estou começando a gostar do blog. Pelo menos por aqui estou agradando às mulheres, diferente da vida real, que só tenho trocado idéia com garçons. Já tenho três leitoras.
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A leitora número três diz que estou adquirindo leitores através de suborno, apenas por oferecer uma cerveja. Explico: como a leitora número dois disse que tenho que parar de beber sozinho, resolvi fazer a promoção, não para angariar leitores – ainda bem, porque se fosse pra isso não tinha atingido êxito –, mas para ter companhia em minhas idas aos bares da vida. Simples. Arrumo companhia e deixo de ser alcoólatra.

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Mais uma coisa. Dez dias de blog e 75 visitas? Continuo não acreditando neste contador

domingo, 2 de março de 2008

às minhas leitoras

Domingo é dia de descanso. Ou melhor, de curtir a ressaca. Ainda mais agora, no final do dia, tendo que acordar no dia seguinte (a danada da segunda-feira). Mas me senti obrigado a comentar um comentário aqui no bar. Amiga Marianna, muito preocupada com minha pessoa, diz que tenho que parar de beber sozinho (a teoria da amiga é que, já que uma das 12 perguntas do AA é “você já bebeu sozinho?”, ela quer que eu arrume companhia e não vire alcoólatra.). Na verdade, estou tentando. Tanto que, ao invés de presentear com a promoção apenas um – no caso o leitor numero 51 – resolvi estender a promoção para mais três pessoas. Assim, esperava eu, teria companhia para pelo menos três dias da semana seguinte. Mas nem leitores eu tenho. Estimava em três, e só tinha um. Agora Marianna se diz boicotada pelo blogger. Como não teve concorrência, leva o prêmio também, fique tranqüila.

No mais, agora deixem (já posso falar no plural, já que tenho duas leitorAS, o que me orgulha muito) cajibrina terminar de ajudar um amigo a terminar uma edição de um jornal que ele edita numa cidade chamada Valença – estive lá hoje, é um lugar legal, embora os bares parecem estar acabando.

sábado, 1 de março de 2008

mais bbb - ou será a primeira vez que falo sobre o tema?

Tava eu no Paluma, buteco em Copacabana ao lado do sebo Baratos da Ribeiro. O charme do buteco está em estar ao lado do sebo. E pra melhorar tem cerveja gelada. Problema mesmo é a tv, que, pelo jeito, se tornou obrigatória nos bares. Ultimamente em todo lugar que estou, por volta das dez da noite, a tv tá ligada, e todo mundo para o papo, aumentam o volume que é hora do Big Brother. Impressionante como o negócio mobiliza. Agora por exemplo, estou eu aqui, no Paluma, escrevendo isso e escutando um de barba falando que só sai da casa depois que “ela sair”. Por estar escrevendo aqui, sobre a mesa, não estou acompanhando o suficiente pra ver quem é “ela” pra explicar pra vocês. Mas é bem provável que vocês saibam quem é. Pelo menos por aqui, sou o único sem prestar atenção, e mesmo eu aqui, sentado isolado, numa mesa sozinho, as pessoas olham pra mim e comentam: “ele só pode ter se apaixonado pelo Marcão, por isso a raiva dela”; “cara, esse psicólogo é chato”; “porra, o Marcão que é sacana, ele deixou ele atender e ainda indicou o cara. Mó mane”. E por aí vai. Começa a discussão, um interrompe o outro, o outro interrompe um, cada um torce pra um, maior confusão por aqui.

Intervalo. Pensei, sossego por alguns minutos. Nada! Aí que vinham puxar papo comigo. “E aí, quem vai pro paredão com o Marcelo?”; “Mó gostosa essa lora né?” (você faz um sinal de anram com a cabeça e o cara não fica satisfeito: “é ou não é? Tu não gosta não brother (brother?)?”. – Gosto muito meu camarada, mas sinceramente, num to muito interessado nesse papo agora, vim aqui pra tomar cerveja, falar frivolidades com quem tivesse vindo aqui pra beber. Mas frivolidades que eu tenha conhecimento. BBB ainda não entrei no clima.

Tenho uma amiga que passou por isso que estou passando agora. Ela foi num psicólogo e não houve remédio que desse jeito. Isso no BBB 3. Do 4 em diante, ela assiste todos os dias e num teve mais o problema. Será essa a solução? Papo de buteco, que já foi futebol, Mônicas (do Clinton e do Renan), hoje se restringe a BBB. No intervalo agora, por exemplo, mesmo quando o assunto não é o BBB 8, o pessoal ta falando aqui: “lembra do BamBam, do primeiro big brother?”. Porra, fala sério... Faz oito anos isso e neguim ainda lembra? Mal lembrava do Alemão, que hoje só faz fazer propaganda da Casa e Vídeo (e pelo jeito está com os dias contados, que acabando essa edição, teve arrumar um substituto).

Fui pro canto do passeio, quase na rua. Preferi ficar de pé a ter que ficar escutando esse povo e não entender nada. Tenho que sentar com uma pessoa que tenha paciência pra explicar quem é quem, quem ta no paredão, em quem eu tenho que falar que vou votar pra sair ou pra ficar, pra depois me enturmar com esse povo. Mas isso só pro ano que vem, por enquanto fico com a cerveja.

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Fiz uma promoção para, além de agradar meus clientes, ver se descobria quem eram os meus três leitores (estimativa pessoal, nada comprovado. Na verdade, quero saber da veracidade desse visitador que arrumei. Ta me cheirando a marmelada...). Mas a única que se pronunciou era a única que eu sabia que já tinha entrado por aqui. Bom que a cerveja que seria para quatro, vai ser dividida apenas para dois. Melhor pra quem gosta de beber.