Trabalhar acho até necessário em alguns momentos da vida do ser humano. Num é à toa que, depois que paguei a conta no Panamá, levo meu computador pra lá diariamente. Eles ainda não instalaram uma internet sem fio por lá, o que me impede de acessar a internet durante todo o dia (e noite). Tá complicado. Depois de alguns dias trabalhando por lá, resolvi acessar novamente a internet (calma, não vim de mãos vazias para casa, pelo menos umas 12 latinhas estão aqui, ao meu lado, dentro da geladeira. Mesmo que não beba, elas me passam a segurança de que estão ali, a minha espera).
Propus ao Manoel (pra quem não sabe, o português dono do Panamá) que ele instale um velox ou virtua por lá, e eu cancelo minha conta de casa. Eu pago a internet dele, levo meu computador pra lá, e ele abate da conta o valor mensalmente. Não topou. “Vai ser mais uma conta preu pagar e você aumentar sua dívida!”. Difícil quando as pessoas perdem a confiança na gente.
Falando em confiança, lá em frente, na Domingos Ferreira, enquanto eu bebia (pra quem não conhece, o Panamá fica praticamente na rua) veio uma garota, roupa larga, calça comprida, cabelo grande, mas amarrado, óculos fundo de garrafa (e olha que eu já estava ‘animadinho’) distribuindo alguma coisa. Eu na porta, olhar de curioso, veio ela. Num falou nada, mas entregou a “Folha Universal”, jornal do Edir Macedo. Fiquei impressionado. Mais de vinte páginas, todas coloridas, distribuição nacional, graficamente melhor que muito jornal que vemos por aí, falando de muita coisa extra igreja (tática deles, lógico). Mas os caras estão realmente com poder de fogo.
Mas não vamos desviar do assunto. Tá parecendo conversa de bêbado. Falei do jornal porque a capa era traição, em letras garrafais. Abaixo, uma frase: “Em época que lembramos Judas, o maior traidor da história, você já traiu ou foi traído? Saiba como agir nessas situações”. E momentos depois de escutar do portuga que ele não confiava em mim, abro o jornal e dou de cara com essa notícia. Coisas do destino. E lá estavam vários depoimentos falando de quem traiu e de quem já foi traído, da dificuldade de adquirir novamente a confiança de alguém quando já a perdeu alguma vez, e coisas desse gênero.
E vou lá, mais uma vez, tentar aproveitar da ingenuidade do Manoel. “Olha aqui, temos que ser isso e aquilo, perdoar para ser perdoado, coisa e tali, tali e coisa”. Olhou pra mim: “Então coloca essa internet, mas no seu CPF!”. “Mas Sêu Manoel, eu num tenho documento aqui, e nem o comprovante de residência daqui. Eles vão precisar do CPF de quem está nesse endereço”. “Ai, então toma aqui o número, mas liga da sua casa”. Liguei, instalaram e aqui estou eu, no meu novo escritório.
Mais uma Macarrão!
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