sábado, 31 de maio de 2008

a dura realidade

Eis que entro aqui hoje e olho para o lado e vejo que o buteco já teve mil visitas. Talvez metade seja minha, mas só com uns cinco leitores – nem tão fieis – não deixa de ser um número significativo. Se isso aqui realmente fosse um buteco, teria preços camaradas. Mas suponhamos que cada um, em cada vinda, tenha consumido pelo menos duas cervejas e uma porção de azeitona ou pepino ou um pedaço de abacate. A cerveja saindo por três e a porção a um real (padrão Panamá). De vocês não teria nem coragem de cobrar os 10% do garçom (até porque não teria). Eram sete reais vezes mil que dariam 7000 reais. Isso em três meses. Ou seja, se isso aqui funcionasse como um bar de verdade, não duraria nem uma semana. O lucro líquido disso aí ia ficar na base de uns 1000 reais, que por três meses daria R$ 333,33. Tava no sal. Negócio é mesmo ficar de gaiato no Panamá, pegando as sobras no final do dia e tomando cerveja fiado.
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ps: atualizado após o comentário do Estrela Solitária, botafoguense mas que pelo menos de matématíca entende. E devia já estar sóbrio na hora do comentário, coisa que não aconteceu comigo na hora de escrever. Mas a realidade continua complicada...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

maratona

Ia rolar uma maratona no Rio. Eu e mais três amigos, mais ou menos um mês antes, decidimos que participaríamos no revezamento. Era 10 quilômetros e meio pra cada. Nesse um mês começaríamos o treinamento. Começamos bem, correndo dia sim dia não. O dia que corria merecia um chopp. O dia que não corríamos nos encontrávamos para analisar o desempenho. No bar. O mais responsável dos quatro fez a inscrição. No dia, todos em seus postos, Quiroga chama os outros três no canto.

– Seguinte galera, tenho um plano – segundo ele esse plano ele já tinha desde o início (foi ele o responsável pela inscrição). – Não fiz inscrição nenhuma. Mas o nosso treinamento, não sei se perceberam, foi excelente. Atingimos além das minhas expectativas.

– Que porra é essa Quiroga? Tô aqui cheio de disposição, tô um mês correndo igual um doido pra hoje e você vem me dizer que não fez a inscrição?

– Vocês vão me agradecer. Lembra o dinheiro da inscrição? Está comigo.

– Menos mal! Inclusive se não vamos correr, pode passando ele de volta.

– Aí é que está. Vocês já tinham dado ele como perdido...

– Ih, vem com essa não. Vai ter que devolver essa porra! – todos em coro, já impacientes.

– Calma. O dinheiro já gastei. Mas por uma boa causa.

– Ah!! Vamos pro buteco e a conta é sua!

– Exatamente! - falou Quiroga. É isso mesmo que vamos fazer. A nossa maratona é em sentido contrário. Vamos sair aqui de copacabana e ir até a gávea, passando por todos os butecos no caminho. Pra isso treinamos. Era todo dia uma corrida e um chopp. E já está tudo pago. E pelo menos um de nós sai vencedor, coisa que não ia acontecer nessa maratona aqui.

– Por isso que eu sempre digo que o Quiroga é meu melhor amigo! Vambora que já foi dada a larga!

domingo, 25 de maio de 2008

pavão azul

Seis cervejas (Original), quatro pastéis (todos com recheio), cinco bolinhos de bacalhau (mais bacalhau do que batata), mais um caldo de feijão = R$ 30,00. No Rio. Coisa não muito fácil de encontrar. Mas ali, em Copacabana, não muito longe dos ‘butecos’ mais famosos, na Hilário de Gouveia, ao lado do Paluma e do Pato Louco, está o Pavão Azul (região voltada para a fauna e flora – pra quem não sabe, Paluma é uma goiabeira e consequentemente um tipo de goiaba). Preço justo.
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Essa postagem serve pro amigo Faber, que acha que esse blog poderia ser uma espécie de Guia quatro rodas dos botecos cariocas. E por isso a sugestão.
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Só não aprovo a idéia de guia quatro rodas. Mas se conseguirmos um público leitor/financiador de minhas andanças por aí, podemos criar o 'guia uma roda', já que o meio de transporte mais utilizado muito provavelmente será o do amigo Wantuir.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

buenópolis

Saiu vociferando. – Vou tomar uma providência.

Geni suspirou, orgulhosa, com a atitude do marido.

Em menos de cinco minutos Gelsão estava no buteco da Jupira, já na segunda dose da Providência, cachaça produzida na fazenda do Congado, lá em Buenópolis, nas Minas Gerais.

Coitada da Geni.

táxi pessoal

Tava lendo no blog amigo do André, que anda reclamando dos radares de carro, que se é pra ter que não se avise. Certos, eu diria se me preocupasse. Radar tem que ter onde tem pedestre. Se não os motoristas que se matem.

Eu não dirijo porque bebo. Então não me arrisco. Mas não que ande gastando solas e mais solas de minhas havaianas por aí, nas peregrinações de bar em bar. Táxi? Não estou com essa moral toda. Meu transporte é do companheiro Wantuir, que cobra módicos um real, independente da distância. Isso lá em Valença, terra boa. Aqui no Rio o negócio é, em caso de excesso de álcool, dormir no bar mesmo, como tenho feito no Panamá.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

trai num trai

Era mais ou menos 11 e 10 da noite. Mais ou menos não, exatamente 11 e 10 da noite. Saperoco chegou em casa. Sua esposa, já acostumada – mas nada satisfeita – fez que não percebeu seu teor alcoólico nem o cheiro de suor de quem parecia ter jogado uma partida de futebol. Ou feito sexo, ela poderia pensar, se ela se lembrasse se ele suava nessas situações, já que entre eles essa era uma palavra esquecida desde que ele começou a beber vertiginosamente. Ela achava que era por causa da bebida. Mas sempre teve dúvidas. Nunca teve coragem de perguntar. Ele, pra ser sincero, nem nunca desconfiou que ela estaria acordada. Ele mesmo quase não estava acordado. Foram anos assim. Nem um nem outro falava nada. Ficaram velhos, Saperoco alcoólatra ficou moribundo. Ele saía pela manhã, tomava sua dose diária, voltava, almoçava, tomava mais uma, e depois não era ninguém. Ficava vegetando no sofá da sala. Sua esposa esperava por esse momento. Depois que Saperoco nada mais podia fazer, levava pra casa sempre um homem diferente, e fazia sexo com ele na sala, dormindo. Foi assim durante três anos, até a morte de Saperoco. Depois disso, ela nunca mais fez sexo e ia diariamente ao cemitério. Sentia culpa. Achava que somente ela havia traído o marido. Morreu sem saber.

sem assunto

Problema do Panamá é sair de lá. Fui na terça e só estou voltando hoje, sexta-feira, pra tomar um banho e voltar pra lá. Nessa madrugada arrumei uns parceiros pra jogar pôquer. Até gosto do jogo, mas só sei jogar quando estou bem bêbado. Aí na terça perdi um bocado, e a conta que eu não queria aumentar com seu Manoel, aumentou. Mas a partir de quarta comecei a reverter o placar. Ainda tenho que voltar pra lá hoje porque estou, algo inédito, com crédito no bar. Como não sei se ele vale até amanhã, é só o tempo de um banho.
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Pro anônimo curioso, trabalhar mesmo nunca consegui trabalhar. Ainda mais no Panamá. Quando termino de pagar as dívidas, começo elas de novo, só que do lado de fora do balcão.
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Por postar menos aqui do que o normal (quem estipulou esse normal?), escutei de meu irmão, capilo, que ele está bebendo mais do que eu. Sorte dele.

terça-feira, 13 de maio de 2008

panamá, o retorno

Era mais ou menos onze e meia da noite. Acabava uma reunião de trabalho – argh! – e depois de um dia (e uma noite) merecia um chopp. Onde seria o lugar para uma comemoração (?)? Rá, Panamá é meu destino. Amanhã – se em condições – comento aqui meu reencontro depois de algumas semanas. Agora que já calcei minhas havaianas, estou a caminho.

arco-íris 0 X 1 juca

Arco Íris da Lapa perdeu alguns pontos comigo. Não que a comida de lá já foi boa um dia, mas pelo menos não era das mais caras. Mas na quinta, como o objetivo era beber, aterrissei por lá. Cerveja rende mais do que chopp (pelo menos no bolso). E pra quem bebe mais e rápido, mais vantagem ainda. Não que eu seja pão-duro (os tempos é que não estão ajudando).

To lá e todos da mesa concordam em pedir um petisco. Jogam pesado. Filé especial. Vinha com queijo. Na verdade, com muito queijo. Muito mais queijo e cebola do que carne. E por módicos R$ 24,00. Pelo preço achei que dava pros três da mesa jantarem. Não foi o caso. Embora tenha sobrado no prato – queijo e cebola, carne mesmo (digo carne, nem esperava algo próximo de filé) não deu as caras por lá. E o queijo: ralado e nem derreteu...

Já estava com saldo negativo o Arco-Íris. Hoje foi dia de Juca, logo ali em frente. Reunião de trabalho, pra variar. Uma porção de filé ao molho da casa. Sem queijo. R$ 20,00, no Juca que não é dos mais baratos. Umas seis vezes mais em quantidade e... ia falar do sabor, mas não deu pra sentir o do Arco-Íris pra comparar.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

conversa de botequim

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro,
Um envelope e um cartão,
Não se esqueça de me dar palito
E um cigarro pra espantar mosquito
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste umas revistas,
Um cinzeiro e um isqueiro.
Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Telefone ao menos uma vez
Para 34-4333
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório
Seu garçom me empreste algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro
E vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa
No cabide ali em frente.

Noel Rosa

sexta-feira, 2 de maio de 2008

começou...

Homem: Vamos logo, antes que comece?

Homem: Vamos logo, antes que comece?

Homem: Vamos logo, antes que comece?

Mulher: Ih, antes que comece o quê?!

Homem: Começou...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

um brinde...

...ao dia do trabalhador. É menos um dia da escravidão velada, como diria um amigo de 'trabalho'.

a fonte

Pra quem tiver interesse em conhecer a Barril 39, cachça das boas de Valença, aqui fica uma imagem do almbique e dos licores. Só pra dar água na boca.