Ia rolar uma maratona no Rio. Eu e mais três amigos, mais ou menos um mês antes, decidimos que participaríamos no revezamento. Era 10 quilômetros e meio pra cada. Nesse um mês começaríamos o treinamento. Começamos bem, correndo dia sim dia não. O dia que corria merecia um chopp. O dia que não corríamos nos encontrávamos para analisar o desempenho. No bar. O mais responsável dos quatro fez a inscrição. No dia, todos em seus postos, Quiroga chama os outros três no canto.
– Seguinte galera, tenho um plano – segundo ele esse plano ele já tinha desde o início (foi ele o responsável pela inscrição). – Não fiz inscrição nenhuma. Mas o nosso treinamento, não sei se perceberam, foi excelente. Atingimos além das minhas expectativas.
– Que porra é essa Quiroga? Tô aqui cheio de disposição, tô um mês correndo igual um doido pra hoje e você vem me dizer que não fez a inscrição?
– Vocês vão me agradecer. Lembra o dinheiro da inscrição? Está comigo.
– Menos mal! Inclusive se não vamos correr, pode passando ele de volta.
– Aí é que está. Vocês já tinham dado ele como perdido...
– Ih, vem com essa não. Vai ter que devolver essa porra! – todos em coro, já impacientes.
– Calma. O dinheiro já gastei. Mas por uma boa causa.
– Ah!! Vamos pro buteco e a conta é sua!
– Exatamente! - falou Quiroga. É isso mesmo que vamos fazer. A nossa maratona é em sentido contrário. Vamos sair aqui de copacabana e ir até a gávea, passando por todos os butecos no caminho. Pra isso treinamos. Era todo dia uma corrida e um chopp. E já está tudo pago. E pelo menos um de nós sai vencedor, coisa que não ia acontecer nessa maratona aqui.
– Por isso que eu sempre digo que o Quiroga é meu melhor amigo! Vambora que já foi dada a larga!
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