quinta-feira, 26 de junho de 2008

política II

Estávamos lá, já próximos da saideira. Saideira que não saía nunca, já que Nico só toma saideira ímpar e Lena insiste em saidera par. Ficamos lá assistindo ninguém beber a última. Fazemos nosso papel, acompanhamos.

Mas lá estava o mesmo grupo, como sempre falando de política. Tavinho insistia com a sua questão de que a mídia era o grande problema da sociedade. Lena era das mais otimistas do grupo, para ela a cidadania popular (palavras dela) tinha força para desfazer privilégios. Ela tinha uma teoria lá que não vou lembrar aqui, nem em outro lugar, porque não lembro mesmo. Estava mais preocupado em pedir mais uma que o copo estava vazio quando ela teorizou.

Mas fez-se silêncio. Todos pareciam pensar, olhavam para o copo. Eu, já mais pra lá do que pra cá, pedi mais uma. Enquanto completava os copos semi-cheios, não sei porquê (quer dizer, porque estava bêbado), comecei a divagar.

– Essa é pra Lena e pro Tavinho, que adoram falar de mídia, que mídia isso, que mídia aquilo. Outro dia estava com uma lógica tostines na cabeça: o povo só lê esses jornais horrorosos (chamados de populares) porque são a única opção ou se tivessem outra opção continuariam lendo esses mesmos jornais? Pra você Tavinho, que gosta mais de falar mal da televisão, mudo a pergunta: o povo gosta mesmo do Faustão e do Silvio Santos, ou não vêem outra coisa por falta de opção?

– Nico, como sempre maquiavélico – e que não consegue ficar muito tempo sem falar – começou, já embaralhando as palavras pelo nível alcoólico.

– Olha só, não é à toa que eu digo que num tem esse negócio de dar várias opções pro cara escolher. Você decide o que é melhor e coloca lá na TV.

– Mas com isso você não vai conseguir nunca emancipar a população – comentou Tonico, que continuou: É preciso que se dê liberdade para a população, que ela de forma conjunta possa ter acesso aos meios de comunicação e eles, em algum momento, passarem a representar os interesses dessa maioria pobre.

– Ih, lá vem você com esse papo de intelectual orgânico de novo... – provocou Nico.

Lena e Tavinho já estavam incomodados. Não muito porque também já estavam calibrados, meio sem saco pra começar mais um assunto. Mas eram eles que provocavam. Se dependesse de mim, só falaria de futebol, que o Fluminense deu um mole danado na final da Libertadores perdendo de 4 pro LDU em Quito, que o Corinthians está desandando na segundona – já é o segundo empate, o primeiro com a Ponte e agora como Bragantino. Mas eles sempre me cortavam, queriam falar de política, de sociedade, de coisas que eu achava sérias demais pra serem tratadas num bar, num momento de lazer.

Tá certo que esse momento de lazer estava sendo exagerado. Nesse dia específico por exemplo, o tempo de lazer já extrapolava as 24 horas. Já dava umas pescadas na mesa, que bêbado e com sono fica complicado. E só mesmo estando bêbado, e preocupado com o silêncio, que fiz uma pergunta.

Não que uma pergunta seja um problema. Mas uma pergunta com esses quatro na mesa, se não for um problema, vira. Os caras gostam de complicar. Nem sei porquê acompanho esse povo.

Mas vamos voltar. Lena estava injuriada.

– A pergunta num era pra mim? Então deixa eu falar alguma coisa!

Ela começou a falar lá. Eu já impaciente com a minha pergunta, olhei pro lado e vi um outro grupo de amigos. Estavam lá Bodvéi, Clementina e Faveleiro. Entrei na roda que eles formavam. Faveleiro fala 1, Bodvéi 2, Clementina 3. Falei, vou de lona. Ganhei a purrinha e ainda levei uma dose de lambuja.

política I

Me acompanhavam na cerveja Tonico, Nico, Tavinho e a única mulher do grupo, a Lena. O assunto era política, como sempre era quando esses quatro se juntavam. Eu gostava de acompanhar. Ouvia, quase nunca falava. Meu negócio era beber. Eu sempre falava por último, pra tentar dar uma aliviado no clima, sempre repleto de discussão. Sentavam amigos, brigavam, mas levantavam amigos. Eu tentava contribuir com esse final.

Nico era sempre o primeiro a falar. Sempre dava o primeiro gole na abrideira e não perdia tempo, sempre lançava uma questão.

– Esse governo num vai durar nem um ano do jeito que está indo. O cara vai deixando as coisas acontecerem, não tem pulso firme, assim num dá pra se governar.

Lena, como única mulher, tinha seus privilégios. Todos esperavam ela falar em segundo lugar. Afinal, somos todos um pouco cavalheiros.

– Ô Nico, você tem que parar com essa mania de defender o poder através da coerção.

– Mas o negócio é que o cara não pode ser odiado. Ou ele age de forma coercitiva, ou então não pode oprimir de forma alguma a população. Isto não está claro Lena?

– Olha só, se ele não pode oprimir e é ao mesmo tempo uma forma de dominação, fica complicado. Se não oprimi, então necessariamente ele tem que funcionar como uma ferramenta de justiça social para os mais pobres.

Aí Tonico não se agüentou. Já estava no terceiro copo e também gostava bem de uma conversa.

– Essa idéia de que uma pessoa pode governar já está ultrapassada. Não é mais uma pessoa que tem que governar, mas um grupo, um coletivo,q eu possa atender às demandas da população mais pobre. Esses governantes tem que representar projetos e programas criados de forma coletiva.

– Olha Tonico, até concordo, mas nos tempos atuais – começou a participar Tavinho – não podemos achar que só esse grupo, essa coletividade é capaz de governar sozinha. Hoje temos esses fdp da mídia aí que detonam quem eles quiserem. E não estão nem um pouco próximos dos pobres...

Pensei comigo, chegou minha vez de falar alguma coisa, embora não estivesse com vontade. Pedi mais uma cerveja.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

ô Mineiro

– Mineiro! Desce uma calabresa!
– E a cerveja?
– Porra Mineiro, cerveja num preciso pedir né? São mais de não sei quantos anos nesse balcão aqui né?!
– Tá nervosinho?
– Não porra!!
– Eu que to né?
– Ô Mineiro. Você tá vendo que tô nervoso, num precisa ficar perguntando. E me irritando mais!
– Mas tá nervosinho porque?
– Porra! Se eu quisesse te falar já tinha te falado!
– Tô querendo te ajudar rapá, deixa de manha.
– Manha, Mineiro? Tá me estranhando?
– Mulé, já vi tudo. Tomou um pé na bunda.
– Mineiro, você sabe que eu estou estressado, sabe o porquê, sabe o que eu quero consumir, e ainda não está satisfeito? Quê mais você quer?
– Abre seu coração comigo...
– Tá vazio hoje aqui né Mineiro. Tá sem o que fazer pelo jeito né?
– Rapá, sou teu amigo, só tô querendo ajudar. Precisando de um ombro amigo, sabe onde me encontrar.
– Porra Mineiro. Era só o que me faltava. Ombro amigo, você? Já vou logo avisando, hoje não tem gorjeta!
– Rá, novidade. Já deixou alguma vez pra caixinha? Nunquinha.
– Então, hoje seria o primeiro dia. E num vai ser.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

prato da semana

Café e Bar Ponto Chic
O livro, do jornalista Chico PF (como é chamado pelo Jaguar), ou então Francisco Paula Freitas, é sua estréia como ficcionista. Na obra ele descortina a intimidade dos subúrbios cariocas com 27 histórias cheias de humor, lirismo, paixão e tragédia.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

dicas aos amigos

Presto aqui uma homenagem (em forma de dica) aos amigos que sei que freqüentam esse humilde buteco:

Letícia, pode parando com esse negócio de fazer unha num canto, cabelo em outro, não sei o quê em outro. Agora você tem tudo no mesmo “espasso” de beleza.



Clementina, que ultimamente tem passado por problemas de insônia, febre, e está insatisfeita com os médicos que dizem apenas “é uma virose”, eis aqui sua solução.



Suzana, que gosta muito de andar de bicicleta (ou Baig), pode encontrar tudo que precisa, de “pesas” a “pineus”.


Bodão, que sempre que vai ao banheiro tem dificuldade de encontrar o interruptor da lâmpada. Neste aqui, pode ir que tem um aviso indicando bem na entrada. Se estiver em condições de ler (e entender), resolve seu problema...


Faber, ainda mais agora que está andando muito com seu possante (querendo até dirigir nas praias do Rio), precisando de quem entende de GNV, é só procurar John. Pode falar em meu nome.


Bebeto, companheiro, essa sua quase-barba é um problema. Ou melhor, era um problema. O Seu José Bonito (só no nome) é sua solução. Ele está na barbearia, na sexta-feira, de duas e meia da tarde até 3 e 15 porque “sai ao cabrito”. Mas ´pe fácil encontrá-lo, ou está na casa do irmão, ou da mãe, ou do pai, ou do vizinho, ou na casa dele, ou no bar...


André, meu caro, seus problemas acabaram. Embora esteja com uma banheira (não sou eu que estou falando, ouvi isso por aí), o nosso amigo Tatu Magaiver poide resolver qualquer problema, se precisar ele “adapita” seu carro.


Daniel, esta é uma ótima “alfisina mecanica” que você pode levar seu carro sem preocupação. Quer dizer, isso quando você tiver seu carro né...


Esta serve pra todos, inclusive pra mim. Antes de escrever...

a gente cai, mas se levanta

Anônimo reclama: isto está às moscas. Concordo. Depois da derrota do Corinthians para o Sport na Copa do Brasil, ainda não me recuperei do porre. Nem com as vitórias na segundona por goleada. Na verdade, com as vitórias, acabei emendando no porre, que nem ele (o porre) nem eu sabíamos se era para comemorar ou lamentar.

Mas cá estou eu, de volta ao Panamá (escutar Seu Manoel sacaneando o Corinthians é dose - num tem moral nenhuma pra isso, é vascaíno...), agüentando o flamenguista Macarrão (claro, só apareci depois da derrota pro São Paulo, mas o mengão ainda ficou em primeiro lugar na tabela), com uma dieta toda balanceada. Já conversei com o pessoal aqui, e de manhã, ao invés de torresmo (de dois dias anteriores), como meio abacate. De almoço, como hoje é sexta, feijoada. Ou melhor, meia feijoada. Já perdi quase 200 gramas. Não consegui diminuir ainda a quantidade de cerveja. Mas cachaça agora só como aperitivo, antes do almoço. Às vezes à noite uma dosinha, coisa pouca.

Sobremesa, gelatina azul, que ninguém até hoje descobriu o sabor. Confesso que como não gosto nada de Curassal, e a gelatina é da mesma cor, em dias de ressaca (quase nunca), hesito em comer a sobremesa.

De lanche da tarde/janta, agora o Panamá está com umas mini-pizzas que são uma beleza. Eu compro as minhas direto com o vendedor (a preço de custo), e guardo na geladeira do Panamá (pelo menos para alguma coisa tem que servir essa intimidade toda). E Macarrão, companheiro que é, assa sempre uma a mais do Panamá sem cobrar. E a namorada ainda acredita que estou comendo só três mini-pizzas.

E a alimentação oficial é só essa mesmo. Acontece, vez ou outra, de alguém pedir alguma coisa e sobrar. Aí Macarrão já sabe, cajibrina estando na área, tem destino certo.

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O blog tá ficando bom, apesar de entregue às moscas. Já tem gente querendo “fomentar o debate” por aqui (ver postagem logo abaixo)

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Bodão, o livro já adquiri. É bom. Estava pensando até em copiar umas crônicas de lá e colocar aqui sem citar a autoria. Mas fiquei sóbrio.

o que não falta



Abaixo um comentário, postado hoje, mas comentando um texto mais antigo, de 1º de maio (a fonte). Reproduzo para que todos possam vê-la
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Olá!

Sou o Sergio, produtor da Barril 39. Primeiro gostaria de fomentar o debate sobre a cachaça em Valença, pois dispomos de várias marcas tradicionais que merecem o debate para podermos melhorá-las sempre.

A título de curiosidade, o nome Barril 39 foi escolhido para dar nome à cachaça pois "39" é a data de nascimento do meu pai, quem começou a fabricar cachaça na Fazenda Terras Altas, próximo ao Ronco D`água.

Um abraço a todos!
Sergio.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

prato da semana

Raízes do Samba

Uma coletânea de músicas de João Nogueira, o CD traz composições como "Wilson, Geraldo e Noel", "Maria Rita", "Baile no Elite" e a mais organicamente ligada a este blog, a "Moda da barriga". A letra desta última pode ser acessada numa postagem antiga aqui desse blog > o dia que a barriga virar moda. Abaixo as faixas do CD.


Nó na madeira
Pimenta no vatapá
Eu hein, Rosa!
Gago apaixonado
Espelho
Eu sei Portela
Das 200 para lá
Wilson, Geraldo e Noel
Mineira
Entenda a Rosa
Maria Rita
Espere oh! Nega
Apoteose do samba
Recado ao poeta
Heróis da liberdade
Moda da barriga
Batendo a porta
Não tem tradução
Baile no Elite
Vamos deixar de intimidade

quarta-feira, 4 de junho de 2008

tá parecendo lá em casa

prato da semana

Manual de Sobrevivêcia nos Butiquins mais Vagabundos


Moacyr Luz faz sua estréia na literatura com uma coletânea de 25 crônicas, organizadas pelo jornalista Marcelo Moutinho e ilustradas por um autêntico conhecedor do assunto – o cartunista Jaguar.

terça-feira, 3 de junho de 2008

trabalho no bar

Charges de Adão Iturrusgarai, em seu Mundo Maravilhoso


feira internacional da cachaça

Semana que vem, de 12 a 14 de juhho, Barril 39, cachaça super citada e apreciada neste blog, participa da 2ª feira internacional da cachaça, junto com mais duas valencianas - Chacrinha e Vilarejo. Ideal é chegar lá - na Cidade do Samba, onde acontece o evento - às 4 da tarde (hora que começa) e às 10 da noite ir pra um buteco (hora que fecha).

Mais informações podem ser encontradas no site da feira - www.feica.com.br.

Informação importante: se forem comprar a Barril, digam que conhecem o cajibrina. Desconto? Não. É que tenho comissão. Duas doses por cada garrafa vendida.