segunda-feira, 28 de abril de 2008

a banda

Sadraque, Ratão, Manguaça, Bebudo e Capilo. Tão indo pra Valença. Mas antes, passaram em Paty do Alferes, que não era caminho. Mas iam para uma reunião na Câmara de Vereadores. Coisa de discussão de desenvolvimento local. Estariam representando Valença. Coitada.

Chegaram, cada um a seu estilo. Bebudo, todo arrumado, estilo social, saindo do trabalho e indo direto. Mas também por que sempre gostou de parecer um cara sério. Nunca conseguiu. Manguaça, que nem estava bebendo, a seu estilo rasgado. Calça social, chinelinho havaianas, um pretenso cavanhaque. Um cara que você olha e acha estranho. No mínimo.

Completavam a figuração Capilo, barba por fazer (há uns três meses) e cabelo (há uns três anos) e não tão rasgado quanto Manguaça. Sadraque, um negro de 1,80 de altura, voz de locutor de rádio (daqueles antigos), com sua bandana na cabeça, que não tirava por nada. A desculpa era que estava deixando crescer a juba pra fazer um rasta. Por último, Ratão, meio baixo, meio magro (mas com uma barriguinha saliente), piercing por todos os lados do rosto, sempre de preto, cavanhaque nunca fez (gosta de ficar fazendo tranças quando está à toa).

Estavam todos lá, serelepes. Atrasados. Como não poderia deixar de ser onde chega um grupo tão, tão... desse jeito, um deles (o que gosta de aparecer, num precisa repetir o nome dele aqui) chega pedindo a palavra. Silêncio.

– Gostaria de pedir desculpas pelo atraso. Viemos do Rio, saímos correndo dos respectivos trabalho, por isso a demora. Mas agora estamos aí.

Ou seja, pediu a palavra só mesmo para atrapalhar. Ou aparecer.

Chegamos já quase na hora do cofibreique. Todos comem bastante. Repetem. Nada de álcool. Menos mal, que esses aí num têm limites. Voltam pra reunião. Bebudo, sempre ele, pede a palavra. Rechaça a secretária de Turismo regional. – Para discutir turismo, antes temos que discutir o desenvolvimento local. Turismo é conseqüência!, bradou. Mal sabia que estava numa reunião com todos os secretários de Turismo da região. Menos a secretária de Valença, que não apareceu.

Discutiram lá. O grupo meio disperso, só mesmo Bebudo com a paciência de permanecer lá. Sadraque já tinha descolado uns biscoitos de gengibre e andava pra baixo e pra cima, já conhecia o dono do bar em frente à Câmara. Inclusive quase ficou por lá, disse que já tinha onde dormir, etc. Coisas de Sadraque.

Manguaça tava dando sua cochilada diária de final de tarde, na cadeira da reunião. O barulho não o incomoda. Já está acostumado. Segundo ele, até ajuda. Coisas do Manguaça.

Capilo, metido a jornalista, fez algumas anotações até o meio da reunião. Mas, sensato, percebeu que aquilo ali não renderia nem nota de rodapé. Começou a desenhar coisas irreconhecíveis até pra ele. Coisas de Capilo.

Ratão... Bom, Ratão ninguém sabia onde estava. Desde o intervalo que ninguém mais o viu. Só mesmo no final, quando todos voltaram para o cofibreique (ou seria cofiend?), encontraram ele lá, sentado na cozinha, dizendo que estava passando mal. Comeu demais. Ficou todo o resto da reunião na cozinha, comendo. A explicação:

– Ah, veio uma mulher aí e perguntou se a gente era a banda que ia tocar hoje aí em Paty. Num sabia o que falar e falei que era. Aí ela veio querendo me agradar, oferecendo comida e tal. Eu num ia rejeitar. Tô indo pra casa do Capilo, num sei qual vai ser minha próxima refeição...

A banda foi embora para Valença. Sem tocar.

2 comentários:

Faber disse...

Figuraças!
Vocês estão disponíveis no sábado que vem? Tava querendo dar uma festa aqui...ehehehe

Vitor Castro disse...

Sábado tem Cineclube Sem Tela numa ocupaçaõ de casas populares em Valença, e o pessoal vai se apresentar - à sua moda. Mas fique à vontade para aparecer, será muito bem-vindo!